sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Interesses da Galera



Olá acadêmicos!! Segue aí a primeira postagem do Interesses da Galera, uma crônica superatualizada falando de como o aluno aprende. A relação professor – aluno não poderia ficar de fora, não é? Então confira a primeira crônica!


Aprendendo a aprender

O que determina que um aluno aprenda? Que relação é crucial nesta trajetória do aprendizado?
Kupfer ¹ questiona sobre os determinantes psíquicos que fazem um ser desejante de saber: os “porquês”.
Os primeiros conhecimentos que a criança adquire são através dos porquês que, segundo Freud, existem na realidade para esclarecer perguntas como: “de onde vim, para onde vou”. Ou seja: sua origem.
Uma das primeiras descobertas é a da diferenciação sexual anatômica entre os sexos, onde a criança “descobre” que existem meninos e meninas. A partir dessa angústia é que a criança começa a querer saber.
Contudo, a criança não aprende sozinha. É preciso um professor para que este aprendizado se realize. Mas nem sempre isto é possível, então, aprender para a Psicanálise, pressupõe a presença de um professor, colocado em uma determinada posição, que pode ou não proporcionar aprendizagem.
Da perspectiva da Psicanálise, não se focalizam os conteúdos ensinados, mas o campo que se estabelece entre o professor e seu aluno, que proporciona condições para aprender, seja qual for o conteúdo. Este campo é a transferência.
A transferência é um conceito psicanalítico em que o sujeito desloca sentimentos já vivenciados no passado (de amizade, de admiração ou mesmo sentimentos negativos) para uma pessoa na atualidade, de maneira inconsciente. Esta pessoa pode ser um professor.
O aluno transfere para o professor seus sentimentos (carinhosos ou agressivos) que viveu primitivamente com os pais. O professor utiliza esta ascendência para transmitir conhecimento e valores.
Mas, o que leva uma criança a aprender?
Parece que o aluno não “quer” que o professor desvende este enigma. Simplesmente o coloca em um determinado lugar e espera que ele o suporte.
Em contrapartida, o professor é movido pelo desejo, e é este desejo que o faz professor. Este desejo justifica sua função, mas ele precisa negá-lo e de uma certa forma, assumir o lugar que o aluno o coloca, a fim de que o aluno produza sentido em seu conhecimento.
Talvez com base nesta questão, Freud coloca que a educação é impossível e que pode beneficiar sim, alunos e professores, mas como qualquer outra área a que se possa recorrer.
Uma questão importante a ser pensada, é a da abertura de um espaço psicológico na universidade, que parece tomar forma, contorno, a partir do momento em que se começa a pensar na transferência. Não prender o aluno aos conceitos, mas observar o que o motiva. Afinal, quem nunca teve um professor idealizado? Quem nunca pensou em ser professor por causa de seu próprio professor?

Referências:

KUPFER¹, Maria Cristina. Freud e a Educação. O mestre do impossível. São Paulo: Scipione, 1992.


Autora: Keli Cristina Lautert
Psicóloga Especialista em Saúde Mental Coletiva
Mestranda em Educação
Psicóloga do NAE.

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