terça-feira, 30 de julho de 2013

Os mitos sobre a surdez: a diferença entre o imaginário e o real



Durante as férias os professores não param. E, pensando na capacitação e evolução de nossos docentes, o Unilasalle promoveu, na última semana, a Formação Continuada, a fim de abordar assuntos relacionados à sala de aula. Através de oficinas, os professores puderam discutir diversos assuntos comuns do cotidiano, como as tendências e as perspectivas do aluno surdo.
Dentro dessa oficina, os professores participaram de um “telefone sem fio em LIBRAS”, trabalhando a perspectiva dos surdos, a fim de propiciar àqueles que se relacionam com a pessoa surda – seja no processo educacional como em atendimento – acesso à capacitação do conhecimento da Língua Brasileira de Sinais, melhorando a comunicação e, consequentemente, garantindo melhor qualidade de vida a este sujeito.
Confira a entrevista que o NAE realizou com as intérpretes de LIBRAS que atuam na instituição:

O que é a língua de sinais?
A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) sofreu influência da Língua Francesa de Sinais, em virtude da vinda do francês Huet, que fundou o Instituto dos Surdos-mudos no Rio de Janeiro em 1857, hoje conhecido como INES (Instituto Nacional de Educação para Surdos).
A LIBRAS expressa sentimentos, emoções, inclusive ideias abstratas. Esta língua de sinais é tão complexa quanto outras línguas. É uma língua que possui estrutura gramatical e o mesmo estatuto lingüístico das línguas faladas.

A LIBRAS é universal?
A LIBRAS não é universal, é diferente em todos os países. Por ser uma língua, tal qual o inglês, francês e outras tantas línguas faladas, as línguas de sinais possuem suas especificidades lingüísticas. Dentro deste parâmetro, assim como o português, que possui vários dialetos regionais, com a LIBRAS não é diferente. Encontram-se variações em aspectos como:
• Configuração de mãos: são formas das mãos que podem fazer parte da datilologia ou não, na maioria das vezes (pelos destros) utiliza-se a mão direita, quando canhoto, a mão esquerda e dependendo do sinal poderá utilizar as duas mãos;
• Ponto de articulação: é o lugar onde a mão configurada é posicionada, podendo ser o espaço neutro, ou alguma parte do corpo;
• Expressão facial e/ou corporal: as expressões faciais e corporais são de fundamental importância para o entendimento do sinal. Correspondente, na língua oral, à entonação de voz;
• Orientação/direção: os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros já mencionados. Os mesmos estão relacionados à palma da mão.
• Movimento: o sinal pode ou não apresentar movimento.





Todo surdo é mudo?
Não.  Os surdos não são mudos. O fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda. A mudez é outra deficiência, sem conexão com a surdez.

A língua de sinais tem alguma relação com a comunicação gestual espontânea dos ouvintes?
Não, assim como dito anteriormente, a LIBRAS possui estrutura gramatical própria.
Entretanto, para os ouvintes que não dominam esta língua, podem usar de todos os artifícios para obter uma comunicação total.

Todo surdo é deficiente auditivo (DA)?
É considerado surdo todo o individuo cuja audição não é funcional no dia a dia. É considerado deficiente auditivo (DA), aquele que parcialmente tem a capacidade de ouvir, ainda que deficiente, e funcional com ou sem prótese auditiva.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Empreendedorismo e criatividade


Acompanhando o mercado e suas ideias de empreendedorismo, o NAE traz uma entrevista com Gilnei Schemes, graduado em Administração de Empresas com ênfase em Análise de Sistemas pela PUCRS e especialista em Marketing pela UFRGS. Falando sobre sua trajetória profissional, Gilnei nos dá um exemplo de empreendedorismo e os desafios daqueles que decidem abrir o seu próprio negócio.

Acompanhe a seguir o bate papo!

1 - Como você escolheu a sua profissão? Foi a sua primeira graduação?
Escolhi minha profissão em função do interesse desde cedo por tecnologia, linguagens de programação, sistemas e acabei encontrando um curso onde consegui juntar o conhecimento técnico com a Administração de Empresas, que sempre foi uma área de muito interesse e curiosidade da minha parte. Assim minha primeira graduação foi o curso de Administração de Empresas com ênfase em Análise de Sistemas.

 2 - Conte um pouco as sua trajetória acadêmica e a sua inserção no mercado de trabalho.
O curso acadêmico que escolhi, desde o primeiro semestre, possibilitou-me a oportunidade de equilibrar disciplinas técnicas com administrativas. No terceiro semestre comecei meu primeiro estágio, para buscar uma aplicação prática do conhecimento alinhado com a rotina empresarial, o que foi fundamental na minha formação. Não foi difícil conseguir o primeiro emprego na área, após um ano de estágio, já que o mercado de Tecnologia da Informação vem se mostrando aquecido há muito anos. Esta oportunidade surgiu em outra empresa, iniciei como programador de software e depois passando para analista de sistemas, onde pude construir a base da minha experiência profissional, realizando cursos técnicos e de gestão, que impulsionaram minha evolução pessoal e profissional.



 3 - Esperava trabalhar em algo inovador na sua área? Como surgiu esta idéia?
Com o tempo comecei a pesquisar formas de conquistar uma remuneração variável onde eu não ficasse limitado a um salário e aí veio a ideia de empreender num negócio próprio. A primeira experiência como empreendedor foi fora da minha área de formação e serviu como aprendizado para que eu pudesse descobrir um novo formato desafiador de trabalho. Ainda com a primeira empresa aberta, comecei a  participar de projetos de consultoria dentro da minha área de formação, onde encontrei uma fonte muito grande de aprendizado a cada trabalho executado e com uma remuneração gerada pela soma dos projetos em andamento. Neste caso trabalhar mais é diretamente proporcional a ganhar mais, no início não é fácil, pois nem sempre existe uma continuidade e quantidade mínima de projetos de consultoria, mas com o tempo vamos vislumbrando outras oportunidades. O importante para mim neste período foi perceber o quanto é necessário manter o espírito de empreendedor, seja como colaborador dentro de uma empresa ou como consultor atuando de forma temporária. Nos dois casos é necessário empreender, inovar, ter os olhos do dono para tratar os projetos e alavancar seu crescimento, senão corre-se o risco da estagnação e baixa agregação de valor no dia a dia da organização. Atualmente trabalho para uma consultoria de Porto Alegre como consultor de BPM (Business Process Management) e Governança de TI. Trabalho para alguns clientes como: Paquetá Calçados Ltda, Goldsztein Cyrela, Bebidas Fruki. Também desenvolvi um sistema que virou software de mercado rodando na nuvem para Assessorias de Crédito Imobiliário. Assim minha renda é formada parte pela consultoria, parte pelos serviços de software e continuo procurando novas oportunidades para agregar outros ingredientes neste bolo, que pode ter várias camadas.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Tecnologias e Educação: terceira resposta da série



Confira a terceira e última resposta da série “Tecnologias e Educação”, com Cleber Gibbon Ratto.

Quais os desafios da educação a partir da realidade das tecnologias?

O grande desafio continua sendo o de sempre: buscar construir conhecimentos que realmente façam alguma diferença na nossa vida. E não me refiro apenas a conhecimentos que "sirvam" de modo prático, utilitário e rápido, como muitos costumam buscar nos dias de hoje. Muitas coisas que aparentemente não tem uma utilidade imediata fazem grande diferença na vida! Não podemos reduzir tudo ao valor de utilidade. Quando me refiro a "fazer alguma diferença" estou falando de saberes que possam realmente transformar nossas formas de viver, para melhor! É urgente reinventarmos nossas formas de conviver, criando maneiras de estar com os outros que realmente nos façam mais felizes. Vivemos num tempo de excessiva pressa. Tudo é feito no capitalismo contemporâneo para vivermos apressados, urgentes, acelerados, ansiosos e culpados por não atingirmos o "ideal". Mas o "ideal" simplesmente não existe! O grande desafio e diversão do mundo atual é aprendermos a viver com o "possível" e não correndo angustiados atrás do ideal. As tecnologias podem ser nossas parceiras nessa busca por viver uma vida que faça mais sentido, mas também podem ser armadilhas que apenas nos fazem ficar mais ansiosos ou vazios. E a educação tem esse grande desafio de fazer uso das tecnologias de modo criativo, tirando delas o que de melhor podem nos oferecer para viver uma vida com mais sentido e valor. As tecnologias na educação não são boas ou más por si mesmas. Elas dependem diretamente do uso que fazemos delas, dando um valor de ampliação das nossas possibilidades de aprender e de conviver melhor ou reduzindo-as a meros recursos para continuarmos vivendo nossa "vidinha" de sempre, cumprindo tarefas, reproduzindo chavões, nos conformando com a repetição dos padrões de vida que nos são vendidos como "ideais". A educação pode ser uma aventura humana extraordinária na qual nos acompanhamos uns aos outros, em experiências de troca, abertura ao outro e invenção de melhores maneiras de viver, dando sentido ao fato de estarmos vivos. O quanto as tecnologias ajudam ou atrapalham nessa aventura é uma pergunta que estamos desafiados a responder, diariamente e para sempre.  

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Empreendedorismo e mercado de trabalho



O NAE sempre esteve interessado em descobrir como cada aluno aprende e como este aprendizado vai refletir no mercado de trabalho.
Para isso buscamos entrevistar alunos e professores para que nos contem como estão acompanhando o mercado e suas ideias de empreendedorismo.
A partir desta semana, o NAE traz uma série de entrevistas sobre o tema do empreendedorismo.
Mas quem é o empreendedor?
Empreendedor é o profissional que começa uma empresa ou uma organização. Muitas pessoas como, por exemplo, Mark Zuckerberg, do Facebook, ficaram famosas por inovar em seus setores e não ficaram aguardando pelo mercado formal.
Criar, no aluno o desejo de descobrir que ele pode ser um empreendedor, é o foco destas entrevistas.
O NAE conversou com o professor Fabrício Augusto Kipper, coordenador dos cursos de Design Gráfico e de Produto, sobre a 1ª Maratona de Design Midea Carrier/Unilasalle.
Trata-se de uma nova proposta de aprendizagem que une situações práticas e de aplicações teóricas movimentou os cursos Tecnólogos em Design do Unilasalle, na madrugada do 14 para o dia 15 de junho, no Centro Universitário.
Durante 12h, acadêmicos de diferentes estágios dos cursos, divididos em grupos, foram desafiados a criar um aquecedor com características inovadoras no que compete à área do design, estando de acordo com os princípios relacionados pela empresa Midea Carrier, sendo algo durável, intuitivo, inteligente, seguro e confiável, apoiados no principal objetivo: gerando novos conceitos.
Confira a entrevista e boa leitura!

Como surgiu a idéia da 1ª Maratona de Design Midea Carrier/ Unilasalle?
A ideia da 1ª Maratona surgiu a partir de uma reunião dos professores no início de 2012, onde foram discutidas formas de integrar os alunos dos cursos Tecnólogos de Design Gráfico e de Produto. Já ocorrem eventos sociais dos cursos, como o tradicional Salchipão do Design, entretanto, nestas atividades o foco é somente a confraternização. Desejávamos uma atividade onde os alunos pudessem vivenciar uma situação real de trabalho, mas que, ao mesmo tempo, tivesse algo de novo. Fomos buscar referências de atividades com este foco, e encontramos algumas, como a Ponte de Espaguete (http://www.youtube.com/watch?v=ymVulT2r9Ng) no curso de Engenharia Civil, onde os alunos são desafiados a construir uma ponte utilizando massa espaguete e nos Cursos de Comunicação Social, através do Madrugadão da Criação, onde os alunos devem criar peças publicitárias durante a madrugada. Pensamos então: por que não fazer uma atividade de virar a madrugada envolvendo alunos de design? No dia a dia da profissão muitas vezes isto ocorre. Após surgir a ideia a tarefa era achar um parceiro! Apresentamos a proposta a Midea Carrier que prontamente aceitou e foi um parceiro fundamental para a realização da atividade.

Em sua opinião, de que maneira eventos como este podem contribuir para desenvolver o espírito empreendedor do acadêmico?
Atividades como estas ajudam o aluno a desenvolver o senso critico, a criatividade, e a liderança. E um ponto central durante a maratona foi o desenvolvimento de liderança! O tempo é curto, logo é necessário planejar muito bem o andamento do projeto. Porém a atividade exigia inovação e criatividade e, para conseguir alcançar os objetivos, os alunos buscaram todos os tipos de soluções. Quando um grupo não tinha pessoas tão habilidosas no desenho, os grupos buscaram outra forma de apresentar suas ideias. E esta é uma das características de pessoas empreendedoras: não se conformam com a situação atual e buscam a solução. Não esperam a resposta dos outros, criam suas próprias maneiras de dar a resposta. Este espírito esteve presente em cada aluno.

O que fica de aprendizado deste evento inovador?
São diversos os aprendizados que um aluno tem ao participar da maratona. 
O primeiro é desenvolver o trabalho em equipe: Trabalhar em uma equipe com amigos quase sempre é muito tranquilo, porém esta não é uma realidade do mercado. Como sempre digo "quando procuramos emprego, a empresa contrata você, e não você e seus amigos" O aluno deverá ingressar neste novo ambiente e aprender a trabalhar nele. E este foi o ponto chave na maratona: as equipes eram totalmente diversificadas.
O segundo aprendizado é aprender a trabalhar com pouca informação dada pelo cliente. Um aluno ao querer tirar uma dúvida com o cliente o mesmo responde: "Eu não tenho esta resposta, por isto que estou aqui te contratando para o serviço." Esta postura do cliente fez o aluno virar a madrugada pesquisando e tentando achar a melhor solução.
O terceiro aprendizado é o aluno poder apresentar seu projeto e ter um feedback de diretores e designers da Midea Carrier, uma das maiores empresas do mundo na produção de eletrodomésticos. 
O quarto aprendizado é o aluno conseguir fazer a aplicação do conteúdo que aprende em sala de aula que, talvez, nem sempre num primeiro momento tenha um sentido tão grande, mas que quando foi necessário, viu que realmente se faz necessário.
Mas o aprendizado não foi só para os alunos. Nós professores aprendemos muito! Posso dizer que ficamos entusiasmados com o empenho dos alunos durante o evento! E isto mostra que ao propor formas diferentes de ensinar o engajamento do aluno pode ser potencializado.